Época de São João
A chegada de junho é só alegria! Começam os preparos para as festas juninas em todo país e o que não falta são opções para curtir esse evento tão popular em nossa cultura.
Nas Escolas Waldorf, a época dos festejos juninos tem todo um significado a ser trabalhado com as crianças, contemplando a natureza e os ensinamentos históricos cristãos a serem celebrados. É, das festas religiosas, uma das mais fascinantes e intrigantes.
Envolvidos pelo espírito joanino, podemos nos concentrar em nosso mundo interior para fazer um balanço, “queimar” aquilo que não nos serve mais e abrir espaço para a luz que torna a vida plena e repleta do amor pelo próximo.
A época de São João, que aqui no Jardim Waldorf Flauta Mágica vai do dia 12 ao dia 30/06, guarda carinho e respeito pelas particularidades de nossa cultura, celebrando danças, músicas e alimentos que compõem a expressão de tradições de várias regiões de nosso país.
A festa junina é religiosa?
O dia de São João, comemorado em 24 de junho, remete-se à história de São João Batista, que viveu no deserto por muitos anos preparando-se para atuar na Terra como um anunciador de Cristo, que cuida das almas de todos à sua volta, que realizou o Batismo no Jordão, que propiciou a incorporação da entidade do cristo no corpo de Jesus de Nazaré e que, através de suas atitudes na vida, trouxe a mensagem de que "devemos mudar nossos rumos para encontrar a luz", sugerindo que o caminho para isso é a meditação, a interiorização, a reflexão, nos ensinando que todas as respostas estão e serão encontradas dentro de nós.
Na realidade, em junho se comemoram as festas de três santos com características próprias, mas que tiveram suas comemorações reunidas nas festas juninas.
No dia 13 de Junho é o dia de Santo Antonio, que é considerado o padroeiro dos casamentos. E no dia 29 comemora-se o dia de São Pedro, que é padroeiro do controle do clima, justamente de cujos processos estamos mais conscientes nesta época.
Mas é o dia de São João, comemorado no dia 24, o mais festejado dos três e bem apropriadamente cedeu seu nome à época.
Na festa tradicional de São João, depois de se rezar o terço, festeja-se com alimentos típicos da época e do lugar: milho, e seus derivados (pipoca, canjica, bolo de fubá), amendoim, batata doce, pinhão, bebidas quentes à base de gengibre. Os alimentos são consumidos ao redor de uma fogueira, estouram-se fogos de artifícios, dança-se a quadrilha e nas quermesses existem as brincadeiras. Toda a festa lembra a terra, os produtos da terra, as pessoas que trabalham na terra (os “caipiras”) e a dissolução desta terra transformando-se em calor e luz (a fogueira).
E a natureza nessa época? Como está?
Em todos os aspectos da pedagogia Waldorf os ritmos da natureza sempre ditam as nuances das atividades. Por isso, convidamos você a fazer uma reflexão observando as características da natureza dessa época.
Em nossa região, o clima típico desse período do ano é formado por dias curtos e ensolarados, com um belo céu azul, acompanhados por noites límpidas, com céu estrelado e podendo ser muito frias. A seqüência de muitos dias assim pode levar a uma intensificação do calor, ocorrendo os chamados “veranicos” em que são freqüentes as inversões térmicas. E aí, naqueles dias de "bafo", rezamos para que uma frente fria chegue e restabeleça a umidade do ar. Certo?!
O importante dessa observação toda é tomarmos consciência das características do nosso meio ambiente e, assim, reconhecendo os processos climáticos que manifestam os elementos que formam o organismo da Terra e faz parte de nós.
A famosa Capelinha de Melão! Uma cantiga de São João que é para cantar, ver e sentir!
Que tal montar com as crianças a verdadeira capelinha de melão da cantiga? É muito simples e ajuda a deixar a casa no clima da festa. Divirta-se com seu pequeno nessa atividade lúdica e sutil.
Mesmo sem a imagem de São João, os pequenos captam o verdadeiro significado da capelinha. O filho da autora da capelinha da foto, de 7 anos, disse que as duas rosinhas que ficaram no prato eram João e Jesus brincando. E as seis rosas na moldura, que a mãe dispôs numa quantidade aleatória, seriam Maria, José, Jesus, Isabel, Zacarias e João, segundo a mesma criança. Não foi preciso mais nada, a imagem estava formada na cabecinha dela, assim como o sentido de veneração, que é o também buscamos nas festas do ano...
"Capelinha de melão é de São João,
É de cravo, é de rosa, é de manjericão
São João está dormindo,
Não me ouve não
Acordai, acordai,
Acordai, João"
Olha que fácil! Você só precisa de um prato, um melão, folhas de manjericão, mini-rosas, cravos-da-índia. Você pode até incluir uma imagem em miniatura de São João se tiver. Lave bem o melão e corte-o quase ao meio. Retire todas as sementes e a polpa da fruta. Seque por dentro e por fora e espete os cravos no interior de todo o melão, inclusive na borda. Espete as mini-rosas em volta, para fazer uma moldura. Distribua folhas de manjericão sobre o prato que será a base.
Dica: Você pode colocar uma vela diante da capelinha e acendê-la em momentos especiais do dia com os filhos.
Como a Antroposofia explica essa época?
Compreendendo através do conhecimento antroposófico que a Terra é o próprio corpo de Cristo, então temos o elemento chave para compreendermos todo o significado e o sentido desta época.
Nesta época nos tornamos mais conscientes do clima, ou seja, ficamos mais atentos ao organismo vivo da Terra. Lembramos que a terra nos alimenta, lembramos dos que trabalham na terra e por fim lembramos que a Terra é o próprio corpo do Cristo, que começou a se transformar num novo Sol por ocasião do evento da Gólgota.
Esta situação nos leva um pouco mais próximos de compreendermos quando Rudolf Steiner diz no ciclo “O decorrer do ano em quatro imaginações cósmicas” que a imaginação na trindade, é a imaginação joanina propriamente dita: O Filho entre O Espírito-Pai (Cosmos) e a Mãe-Substância (Terra).
Referências: Marilda Milanese, de 21/06/95. Revista Nós, Escola Waldorf Rudolf Steiner SP.